Museu Nacional do Mar

fachada Museu Nacional do mar. P´redio antigo amarelo de esquina calçada de pedra céu branco.

Localização: São Francisco do Sul – SC

Ano de Fundação: 1991

NESTE EPISÓDIO DO PODCAST MUSEUS DE SANTA CATARINA, visitamos o Museu Nacional do Mar que fica em São Francisco do Sul..

O museu apresenta um acervo constituído por 91 embarcações originais, em tamanho natural e cerca de 150 miniaturas que estão expostas na sala do modelismo.

Nosso podcast é um guia de áudio para lugares históricos, interessantes e inspiradores de Santa Catarina. Em pouco mais de 10 minutos, te levamos a conhecer um museu incrível e, ao longo do caminho, histórias fascinantes.

Junte-se a nós para se aventurar nos museus do estado de Santa Catarina. 

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Fotos: Taiana Martins

Transcrição

Localização: São Francisco do Sul – SC

Ano de Fundação: 1991

[Vinheta]

Olá!!

Sejam bem-vindos e bem-vindas ao podcast Museus de Santa Catarina- sua visita guiada aos museus do estado. 

[Som transição] [Campainha]

No episódio de hoje, apresentaremos o Museu Nacional do Mar, que fica em São Francisco do Sul. Vamos conhecer sua história e curiosidades sobre seu acervo. 

O Museu Nacional do Mar – Embarcações Brasileiras fica localizado nos antigos armazéns da extinta Empresa de Navegação Cia Hoepcke, no centro histórico de São Francisco do Sul e sua sede fica num grande galpão reformado para atender as demandas do acervo do museu. 

Em 1987, o patrimônio urbanístico e arquitetônico do centro histórico de São Francisco do Sul com cerca de 400 imóveis construídos a partir do século XVIII, foi tombado pelo Iphan,O tombamento municipal aconteceu seis anos antes, em 1981. Esta área abrange o núcleo original da cidade, a cumeada de elevações que o envolvem e a orla marítima. Antigos casarios em estilo colonial, sambaquis, antigas igrejas, cerca de 150 casas e monumentos compõem o patrimônio tombado. Igreja Matriz Nossa Senhora das Graças, Terminal Marítimo (Portal do Turismo), Mercado Público Municipal, Museu Nacional do Mar, Museu Histórico, Estacionamento, Orla Marítima (vias e logradouros, mobiliário urbano, trapiche e decks), e Morro do Hospício, entre outros são alguns monumentos e espaços públicos tombados. 

A história da cidade data de 1504, quando o francês Binot Paulmier de Gonneville comandante da expedição  do navio L’Espoir, que partira da França em junho de 1503,com 60 homens, um ano antes, desembarcou nas praias da Baía da Babitonga. E o L’Espoir não chegou ao destino: terminou encalhado numa ilha do Canal da Mancha, com perda total da carga e dos registros de Lefebvre. 

A ilha ganhou o nome do santo – São Francisco, em 1515, batizada pelo espanhol Juan Diaz de Solís.

Em 1533, os espanhóis e fundaram uma vila

Mais de um século depois, em 1641, Gabriel de Lara – alcaide e capitão-mór da vila de Nossa Senhora do Rosário da Capitania de Paranaguá –  fundou o povoado de Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco.  

Em 1658, os portugueses (e paulistas) chegaram para a ocupação definitiva.

Em 1660, São Francisco foi elevada à categoria de vila e em 1847 elevada à condição de cidade.

Chegamos à 1842 e aqui vale destacar um episódio curioso: o Falanstério do Saí.

A península do Saí, fica em frente à ilha de São Francisco e foi palco de um experimento único no Brasil: a instalação de um falanstério. Mas afinal, o que é isso?

Era uma organização de caráter socialista, que havia sido idealizada pelo filósofo francês Charles Fourier. Naquele ano de 1842, o médico francês homeopata Benoit Jules Mure, que saiu da França como representante da Union Industrielle, teve a ideia de fundar a Colônia Industrial do Saí e com apoio das lideranças e do governo local, conseguiu criar uma instalação que buscasse criar uma organização mais justa e harmônica. A ideia de construir um falanstério na península do Saí foi de grande interesse do império, pois além da ocupação de terras devolutas estes imigrantes trariam a industrialização como acontecera na Argélia, França e Alemanha. O incentivo a imigração era de muita valia aos interesses do império, já que a narrativa que dominava a explicação sociológica do Brasil via na cor da população o fator responsável pelo atraso do país. chegados. A experiência falansteriana em Santa

Catarina começou de maneira centralizada, contrariando os princípios da associação

fourieista. Pouco mais de duzentos franceses participaram da experiência frustrada que durou 2 anos. 

O auge da  prosperidade de São Francisco do Sul foi no final  do século XIX, com as atividades portuárias e a chegada de imigrantes italianos, alemães e poloneses, à região.

A Empresa Nacional de Navegação Hoepcke, fundada pelo empresário alemão Carl Hoepcke em Santa Catarina, em 1895 – entre outras empresas que se  instalaram no município -, fomentou as atividades portuárias e o comércio de madeira e erva-mate.

Em 1940 viveu o declínio do ciclo da erva-mate e da madeira devido ao esgotamento das reservas desses produtos no Estado. Entre 1914 e 1945,a recessão financeira causada pelas duas guerras mundiais fez com que o governo direcionasse os recursos para outros portos brasileiros.

A partir da década de 1970, o município recebeu grandes investimentos – o posto foi classificado como terminal graneleiro e grandes empresas de armazenamento e beneficiamento de grãos chegaram à região.  Nessa mesma época, é instalado o terminal marítimo da Petrobrás, na Praia da Enseada. 

Atualmente, São Francisco do Sul, ocupa a posição de 5º maior porto de escoamento de produtos do Brasil.

Museu Nacional do Mar – Embarcações Brasileiras foi criado para a salvaguarda do patrimônio naval brasileiro e fica instalado nos antigos armazéns da extinta Empresa de Navegação Cia Hoepcke onde é possível ainda visualizar os antigos trilhos para vagonetes que ligavam os amplos galpões aos trapiches onde atracavam os navios. 

Criado pelo Decreto N° 615 de 10 de Setembro de 1991, inaugurado em Dezembro de 1992, abriu oficialmente suas portas no início de 1993.

Seu acervo é composto, atualmente, por 81 embarcações em tamanho natural, 104 modelos navais, 102 peças de artesanato, cerca de 200 peças de modelismo e artesanato naval, três maquetes diorama, oito equipamentos e acervo documental e bibliográfico da Biblioteca Kelvin Duarte, formada por mais de dois mil volumes, incluindo obras raras, fotografias, desenhos, cartas náuticas, manuscritos, croquis e outros registros inéditos sobre o patrimônio naval brasileiro e do mundo. 

 Jangadas, saveiros, canoas, cúteres, botes, traineiras e baleeiras são alguns deles. O acervo está exposto em 15 salas temáticas, que ocupam os dois extensos conjuntos de galpões da antiga empresa Hoepcke. Em algumas salas, foram montados dioramas – espécie de representação cênica onde podem ser observados o uso daquelas embarcações e o modo como os homens desempenhavam uma determinada atividade, como a pesca da baleia, por exemplo. Além dessas peças, há modelos em escala de barcos, instrumentos e equipamentos de pesca e navegação.

Em 2005 aconteceu o 1º Seminário do Patrimônio Naval Brasileiro que pôs em evidência a urgência  de preservar os barcos típicos de cada região do país e seus contextos culturais. Uma forma de alcançar esse objetivo é a construção de maquetes das embarcações, em escala reduzida, pois um modelo sempre poderá ser reproduzido no futuro, por pessoal habilitado, nas quantidades desejadas.

O Museu Nacional do Mar é uma das maiores instituições do gênero, com notável coleção de barcos brasileiros. Cada uma dessas embarcações traz em sua arquitetura contribuições técnicas de diversos povos, inclusive das populações indígenas do Brasil.

Em 2017 foi inaugurada a Sala Amyr Klink no Museu Nacional do Mar. O espaço apresenta uma retrospectiva das principais façanhas marítimas do navegador brasileiro, incluindo a réplica do barco I.A.T. Paraty que Amyr utilizou para a travessia a remo do Atlântico Sul em 1984.

Mas quem é Amyr Klynk??

Comandante de embarcações, Amyr Klink é natural de São Paulo. Em 1983, termina a construção do seu primeiro barco: o I.A.T., com o qual, no ano seguinte, faria a primeira travessia solitária a remo  da África  ao Brasil. A jornada de 3.700 milhas e 100 dias pelo Atlântico termina no dia 18 de setembro de 1984, na Bahia, e é retratada no best seller Cem Dias entre o Céu e o Mar.

Em 1986 realiza a primeira de suas 15 viagens à Antártica. Na volta, começa a construção do Paratii. Com esse barco, em 1989, estreia como velejador em uma viagem em solitário que duraria 642 dias, passando sete meses e meio imóvel em uma invernagem antártica. Navega, ao todo, por 27 mil milhas – viagem descrita em Paratii, Entre Dois Pólos.

Quatro anos depois, é sócio-fundador do Museu do Mar, em São Francisco do Sul, Santa Catarina. O ano de 1994 marca o início da construção do veleiro Paratii 2.

No ano de 1996 casa-se com Marina Bandeira, velejadora com mais de uma centena de competições no currículo.

Em 1997 nascem as gêmeas Tamara e Laura. No ano seguinte, Amyr parte para mais uma viagem em solitário. A bordo do Paratii, inicia o Projeto Antártica 360 Graus, em que faz a circunavegação polar pela rota mais difícil. São 88 dias, 14 mil milhas e mais um livro, Mar sem Fim.

Em 2000, nasce sua filha caçula, Marina Helena. No ano seguinte, após sete anos, Amyr conclui o Paratii 2, o mais moderno veleiro já construído no Brasil. Entre dezembro de 2003 e fevereiro de 2004, Amyr refaz a circunavegação polar, dessa vez com cinco homens na tripulação. A viagem dura 76 dias sem escalas, por 13,3 mil milhas.

Em 2007, viaja com a esposa e as tres filhas pequenas para a Antártica no Paraty II.

E a tradição continua. Em 2021, Tamara Klink, filha do velejador, aos 24 anos, saiu da França, e percorreu sozinha mais de 1.700 milhas, equivalente a quase 3 mil quilômetros. Após três meses atravessando o Atlântico em barco de 8 metros, chegou à costa brasileira, em Recife em novembro de 2021.

Visitei o Museu Nacional do Mar na cidade de São Francisco do Sul em março de 2022. 

Fica localizado perto do porto da cidade, de lá se ouve as buzinas dos barcos e navios que chegam. 

Há placas indicativas na cidade sobre o museu, mas ao chegar não há um grande letreiro ou placa indicativa. Um enorme prédio amarelo, antigo é o espaço do museu. 

Ao adentrar o prédio e olhar para baixo um chão de pedras antigas e ao olhar para cima um teto de madeira e telhas de barro. 

Desde quando seres humanos perceberam que dava para andar nas águas? Provável que desde quando viram um tronco flutuante.

Um enorme tronco escrito:

“Provavelmente  o primeiro barco foi um tronco como esse” inicia a exposição. 

No primeiro salão vê-se a miniatura de barcos modelo de diferentes culturas pelo mundo: e Instrumentos usados na navegação como luneta e bussola..

A exposição se inicia de fato no 2° andar. São 2 lances de escadas, umas escadas de madeira pesada. Há elevador de acessibilidade para pcds.

No 2° andar, um enorme salão em L, com chão de madeira em que você também vê mais de 80 tipos de embarcações em miniaturas em diferentes escalas, ou seja, em diferentes tamanhos. 

Há um painel sobre a renda, a pesca e as aves do litoral catarinense.

No final desse salão há dois lances de escadas para te levar a um galpão no 1° andar.

Agora, barcos reais, doados ao museu podem ser vistos em suas peculiaridades. 

A sala das canoas é a primeira a se ver descer ao descer as escadas. A peculiaridade da canoa e que é esculpida a partir de uma madeira só. 

A sala Maranhão 

ao adentrar a sala Bahia,Dorival Caymmi canta nas caixas de som que ficam penduradas no espaço enquanto eu caminhava por entre os saveiros. 

Há ainda a Sala Rio São Francisco em que pode se ver 

as embarcações do Rio São Francisco também. 

Da metade do galpão até seu fim, Milton Nascimento cantava a Canção do Sal.

No fim da sala há uma explicação com banners e duas maquetes de como funciona um navio de operações e uma Plataforma da Petrobrás. Ao lado 1 lanterna de farol doada para o museu e um banner explicando o TAMAR (o projeto de Proteção às Tartarugas patrocinado pela Petrobras)e uma réplica de uma tartaruga verde em tamanho real.

Em seguida, a sala de jangadas nordestinas em que se vê 6 jangas reais de diferentes tamanhos expostas..

Na sala Amir Klyynk está uma réplica em tamanho real do barco em que o velejador fez a travessia do Oceano Atlântico.

Você ainda pode ver uma maquete com o Amir Klynk chegando à Antártida em seu barco Paraty II, há ainda um vídeo que vc pode assistir com seu depoimento sobre sua eterna curiosidade com o mar.

Na sequência, a sala dos veleiros em que podem ser vistos diferentes barcos a vela usados para navegação de lazer. 

A próxima sala são as embarcações amazônicas em que pode se ver as canoas indígenas, alguns animais esculpidos em fibra de vidro e a réplica em tamanho real de uma casa de palafita que e a casa ribeirinha. A casa é suspensa para suportar as enchentes do rio. 

Uma passagem te leva a uma experiência de um barco em alto mar à noite, com uma família dentro, são bonecos de 1 menina que está sentada como braço para cima, uma mulher que está deitada com a cabeça no colo de um jovem. A impressão que dá é que a mulher está adoentada em alto mar. 

Há ainda painéis. Sobre as estrelas e constelações e sua importância para navegadores. 

O museu tem um anexo, Você atravessa a rua e o museu continua daí vem a sala Baleeiras com barcos e ferramentas usadas na caça com arpão à baleia. Há uma maquete em tamanho real de como era uma caçada. 

 

No final da visita, você pode conferir uma lojinha com souvernirs do museu.

 

O Museu funciona de segunda à sexta das 10h às 16h.

Entrada Franca.

 

Foi um prazer te guiar até aqui!

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Novos episódios todos os sábados 

 

Roteiro e Produção:Taiana Martins

Técnico e edição de som: Gustavo Elias 

Apresentação: Taiana Martins

 

A primeira temporada do podcast Museus de Santa Catarina foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2021, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.

 

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Um abraço e

Até a próxima!





Referências Bibliográficas

GUTTLER, Antônio Carlos. A colonização do Saí (1842-1844) Esperança de falanterianos expectativa de um governo. Dissertação UFSC, Florianópolis, 1994.

IPHAN / MONUMENTA. Museu do mar: São Francisco do Sul – SC. – Brasília, DF, 2008.

OLIVEIRA, Andrea de. O Museu Nacional do Mar e as histórias colhidas em um pé de araçá. Encontro História Oral- Piauí, 2014. Disponível em: https://www.encontro2014.historiaoral.org.br/resources/anais/8/1398436697_ARQUIVO_EncontroHistoriaOral-Piaui_ed.pdf 

PIÑOL, Susana Nunes Taulé. Através daquilo que foi São Chico: Navegando pelo Diorama Centro HIstórico no Museu Nacional do Mar. Tese apresentada ao curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2021.

SILVA, Gisele Maria. Falanstério do Saí: uma experiência utópica em Santa Catarina. Santa Catarina em História – Florianópolis – UFSC – Brasil, vol.1, n.1, 2007.




Para citar esse podcast:

Podcast Museus de Santa Catarina – Sua visita guiada aos museus do estado. Taiana Martins. Florianópolis, 2022.

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