Localização: Florianópolis
Ano de Fundação do Museu: sec XVIII 1780/2021
NESTE EPISÓDIO DO PODCAST MUSEUS DE SANTA CATARINA, visitamos o Museu de Florianópolis que fica na capoital, no centro da cidade.
O museu apresenta um acervo constituído por 11.000 peças que representam a história de Florianópolis desde antes do período colonial.
Nosso podcast é um guia de áudio para lugares históricos, interessantes e inspiradores de Santa Catarina. Em pouco mais de 10 minutos, te levamos a conhecer um museu incrível e, ao longo do caminho, histórias fascinantes.
Junte-se a nós para se aventurar nos museus do estado de Santa Catarina.
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Fotos: Taiana Martins
Olá!
Sejam bem-vindos e bem-vindas ao podcast Museus de Santa Catarina- sua visita guiada aos museus do estado.
[Som transição] [Campainha]
No episódio de hoje apresentaremos o Museu de Florianópolis, que fica em Florianópolis, a capital do estado.
Vamos conhecer sua história e curiosidades sobre seu acervo.
[Som transição]
Localizado na Praça Quinze de Novembro esquina com a Rua Tiradentes, no centro de Florianópolis, o Museu que leva o nome da cidade está sediado na antiga Casa de Câmara e Cadeia.
O Centro Histórico da Cidade é formado pelos prédios do Mercado Público Municipal, a Igreja de São Francisco, a escadaria e Igreja do Rosário, o Teatro Álvaro de Carvalho (TAC) e praça anexa, a escadaria e o Teatro da Ubro, a Travessa Ratcliff e o Forte Santa Bárbara. O Museu Victor Meirelles, a Casa de Câmara e Cadeia, a Alfândega, o Palácio Cruz e Sousa, a Catedral Metropolitana, a Igreja do Rosário e o Hospital de Caridade integram o conjunto arquitetônico do centro histórico.
No início do século XVIII, em 1709, a povoação de Desterro, fundada por Francisco Dias Velho, foi elevada à categoria de Vila.
Durante o período colonial, tornar-se Vila era importante para uma localidade, pois permitia que ela tivesse seu próprio governo local.
Em 1738, é criada a Capitania de Santa Catarina,com a Ilha e a terra firme adjacente, desincorporada da jurisdição da Capitania de São Paulo, passando à subordinação do Rio de Janeiro. Foi seu primeiro governador, o Brigadeiro José da Silva Paes (1739-1749).
A PROVISÃO RÉGIA DE 1747 estabeleceu a organização do núcleo urbano nos moldes portugueses e constituiu a 1ª legislação urbana.
Nela, havia uma regra que estabelecia a localização da Igreja no sítio mais alto, Casa de Câmara em um dos lados do largo e sempre no lado oposto a Casa do Governador.
A vila de Nossa Senhora do Desterro demandava um espaço para abrigar seus legisladores.
Assim, em 1758 cinco casas foram alugadas para abrigar o funcionamento da Antiga Casa da Câmara e Cadeia.
Em 1771, foi feito o contrato com o executor da obra, João Tavares Fernandes, para a construção do novo prédio com paredes de pedras argamassadas com óleo de baleia, areia e cal.
Finalmente, nove anos e dez meses depois, em 29 de dezembro de 1780 é inaugurado o prédio da Casa da Câmara e Cadeia.
A obra apresentava com arquitetura colonial com cobertura em quatro águas revestidas com telhas cerâmicas capa e canal; A cadeia ficava no térreo e a Câmara no pavimento superior. Trancafiavam-se os infratores da lei, escravizados, rebeldes e aqueles ditos loucos.
Em 1833 Ocorre uma das diversas tentativas de fuga dos presos.
Registros datados de 1834 destacam castigos de presos no quintal da Câmara ou no saguão da Cadeia, onde eram amarrados a uma escada e chicoteados. Em virtude dos constantes gritos, surgiu uma solicitação da sociedade para que tal prática ocorresse em outro local.
Outro fato, é que a Câmara só alimentava os presos chamados “indigentes”, os escravizados deveriam ser alimentados pelos seus senhores.
Em 1835 foi instalada a primeira Assembleia Legislativa da Província no prédio da Câmara.
A partir de então, foi abolido o cargo de cirurgião do partido, médico encarregado de vistoriar a saúde carcerária, sendo o último deles Thomaz Silveira de Souza.
Em 1879, o Legislativo foi transferido da Casa da Câmara para uma casa alugada.
Em 1º de outubro de 1891 ocorreu a Instalação do Tribunal de Justiça em Santa Catarina na Casa da Câmara, o foi um acontecimento político-administrativo marcante para a História do Estado. O TJ-SC funcionou no prédio por 17 anos, até 1908, quando foi transferido.
De 1902 a 1905, depois de vários consertos e remendos no prédio, que estava bastante deteriorado, foi feita uma grande reforma. As características coloniais foram alteradas para o estilo eclético. Também nesse período foi desativada a Câmara.
Em 21 de setembro de 1930, é inaugurada a Penitenciária de Florianópolis, denominada na época de “Penitenciária da Pedra Grande”. O prédio da Casa de Câmara e cadeia perdeu a função de prisão, com a inauguração da nova penitenciária do Estado.
Em 1944, a Inspetoria Regional de Estatística Municipal em Santa Catarina, atual IBGE, fica instalada provisoriamente.
Trinta anos depois, em 1984, aconteceu o Tombamento da antiga Casa da Câmara e Cadeia como Patrimônio Histórico e Artístico do Município por meio do Decreto Municipal nº 042/84.
No ano seguinte, a Lei nº 2621 de 07 de julho de 1987 outorga a denominação do prédio da Câmara Municipal de Florianópolis como Palácio Dias Velho.
Com a mudança de sede da Câmara de Vereadores, em 2004, o edifício foi desocupado.
2006-2007: Utilização do prédio como Casa do Papai Noel e Casa do Carnaval.
Dez anos depois, a Lei nº 10.169, de 16 de dezembro de 2016 institui a criação do Museu de Florianópolis e dá providências para a sua instalação no prédio da Antiga Casa de Câmara e Cadeia, na praça XV de Novembro nº 214, Centro.
Por dois anos, o prédio passou por reforma. De 2016 a 2018: Restauração da Antiga Casa da Câmara e Cadeia para abrigar o Museu de Florianópolis
No dia 23 de novembro de 2021 ocorre a Abertura do Museu de Florianópolis;
Até o ano de 2005, foi ocupada pela Câmara Municipal, quando foi transferida para sua atual sede na Rua Anita Garibaldi.
Em 2011 foi apresentada uma proposta de restauro.
Entre 2014 e 2018, a Casa passou por um minucioso processo de restauração para poder acolher o Museu de Florianópolis.
Durante a obra, realizaram-se escavações arqueológicas em suas dependências, nas quais foram encontrados dois canhões de pequeno porte, entre outros objetos antigos, que perfazem o total de cerca de 11000 peças.
Mas quem foi Dias Velho, que deu nome à Câmara Municipal em 1987??
Francisco Dias Velho nasceu em 1622, filho do bandeirante Francisco Dias Velho. Foi um bandeirante, capitão-mor, proprietário de escravizados e fundador da cidade de Florianópolis.
Junto com seu pai, participou de diversas bandeiras pelo litoral catarinense. Nessas empreitadas, escravizavam indígenas guaranis e os revendiam no litoral de São Paulo e São Vicente.
Em 1642, o bandeirante fixou-se junto a sua família na ilha do Desterro com 500 escravizados indígenas. Desta maneira passou a ser considerado fundador da póvoa de Nossa Senhora do Desterro, que depois se tornou vila e mais tarde tornou-se a cidade de Florianópolis.
Francisco Dias Velho faleceu em 1687 assassinado por piratas holandeses que atacaram a ilha de Santa Catarina.
Em 7 de maio de 1976 o decreto legislativo n°048 que criou a medalha e o diploma Francisco Dias Velho, destinados ao reconhecimento dos cidadãos de Florianópolis, notáveis contribuições deram ao Estado e País, nas Artes, Letras e Ciências, quer nas Armas em defesa da Pátria, ou ainda na Alta-Política em prol do seu Patrimônio jurídico, econômico e social. A solenidade acontece anualmente no dia 23 de março, data da fundação da cidade de Florianópolis.
Inaugurado em 21 de novembro de 2021, o Museu de Florianópolis é municipal, no entanto, atualmente, o Sesc é responsável pela administração do espaço do museu e do café.
Com oito salas de visitação abertas ao público, o museu te leva a um passeio pela história e cultura de Florianópolis.
Aborda a intensa relação de Florianópolis com o seu território, em sua ocupação, desenvolvimento, transformações urbanas e papel estratégico como cidade.
Destaca a diversidade presente em Florianópolis como a presença indígena e a negra. Também aborda a terra e o trabalho, o universo da pesca e dos engenhos. No centro, uma enorme mesa digital mostra a ocupação da ilha até os dias atuais.
Apresenta temas relacionados à contemporaneidade da cidade, propondo reflexões úteis para a construção de um caminho crítico na visita e na vida da cidade. No centro, uma mesa com uma maquete tátil do relevo da ilha. Pode tocar.
Tendo como principal acervo a cidade, o museu apresenta Florianópolis através de diferentes olhares, narrativas e sujeitos, englobando os distintos tempos e espaços que os constituem.
Seis telas integradas exibem depoimentos de personalidades da cultura popular da cidade como por exemplo, a benzedeira Sueli Carmem.
Maquetes do prédio, um vídeo sobre a ocupação portuguesa
Duas escavações, durante o restauro do prédio, revelaram peças como ampolas de medicamento, botões, fragmento de louças, fragmentos de porcelanas, fragmentos de faiança.
Também foram encontrados fragmentos de carvão usados pelos presos para cozinhar e em manifestações religiosas. Nos informa a placa do museu que grande parte dos presos eram de origem africana, provenientes de diversas etnias como Ovumbundu e Bakongo, que consideravam o fogo sagrado e que tinham que manter a chama acesa. Para esses presos esse fogo representava proteção, além de secar o ambiente úmido e afastar insetos.
Também foram encontrados cacos de ladrilho hidráulico e moedas de diferentes períodos, de 1750, 1777, 1867 e 1869, uma chave do século XVII e a cabeça de um martelo de sapateiro.
Estive no Museu em abril de 2022, paguei a entrada e recebi uma pulseirinha para acesso ao museu.
Ao olhar para baixo chão de tacos de madeira e ao olhar para cima um pé direito alto com teto de gesso com adornos de arabescos.
Comecei a visita sozinha, e na primeira sala Um edifício, muitas memórias, se vê a maquete do prédio e o texto curatorial na parede nos alerta que “os usos originais do prédio que hoje abriga o museu era um espaço de encarceramento que revela memórias de maus-tratos aos presos, em sua grande maioria formada por homens e mulheres escravizados, alguns deles negociados dentro da cadeia pelos seus senhores.
Um generoso lance de escadas de madeira e você chega ao 2 andar. O museu oferece elevador para pcds.
Um corredor com seis telas contam sobre festas populares, educação, ilhas de santa catarina, colonização e outros temas. Em uma das salas um pedaço do piso original está sob uma vidraça que você pode pisar sobre ela.
É um museu que usa a tecnologia para abordar os temas relacionados às tradições da cidade. Depois de assistir uma história de cinco minutos numa sala fechada, ao final da explicação as janelas se abrem magicamente. e onde eram as projeções se mostram estruturas de vitrines de modelos de embarcações. Entre elas a L’Espoir.
Conta a placa do museu que em 1503 o navio L’Espoir saiu do porto de Honfleur (Normandia, França) com destino às Índias Orientais. Entretanto, uma tempestade fez o navio ser levado até a costa do Atlântico, mais precisamente em São Francisco do Sul, onde a tripulação permaneceu por seis meses. No retorno à Europa, o capitão Binot de Gonneville leva consigo Essomericq, o filho do cacique Arosca, para ser instruído nas técnicas europeias, em especial, nas armas de fogo. O retorno estava marcado para dali 20 luas, entretanto o navio sofreu um ataque pirata. Essomericq sobrevive, mas não volta à sua terra natal e vive noventa e cinco anos na França.
Fiz a visita guiada com a monitora Sara, na verdade acompanhei o passeio de uma escola. Você pode escolher fazer o passeio sozinho, sozinha ou com guia. O museu disponibiliza horários para a visita guiada
[Som transição]
Essa foi nossa aventura de hoje: no Museu de Florianópolis.
O museu funciona de segunda à sexta das 09h às 19h. As terças é fechado para o público. Aos finais de semana funciona das 10h às 16h. Todo último domingo do mês a entrada é franca.
Ingressos R$10 a inteira e R$5 a meia.
Foi um prazer te guiar até aqui!
Gostou de saber sobre esse museu?
Você já o conhecia??
Quer ouvir a história de algum museu aqui no nosso podcast??
Manda um email pra gente:
podcastmuseussc@gmail.com
Novos episódios todos os sábados às 10h da manhã.
Roteiro e Produção:Taiana Martins
Edição de Som e vinheta original: Gustavo Elias
Apresentação: Taiana Martins
A primeira temporada do podcast Museus de Santa Catarina foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2021, executado com recursos do Governo do Estado de Santa
Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.
Para saber mais, siga-nos nas redes sociais e no site do projeto: www.podcastmuseussc.com.br
Um abraço e
Até a próxima!!
PROJETO DE RESTAURO ANTIGA CASA DE CÂMARA E CADEIA MUSEU DE HISTÓRIA DA CIDADE Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2015.
BORGES, Viviane Trindade. O patrimônio cultural e as prisões: apagamentos e silenciamentos. História: Questões & Debates, Curitiba, 2017
MIRANDA, Antônio Luiz. A penitenciária de Florianópolis – De um instrumento da modernidade a utilização por um estado totalitário. Dissertação de Mestrado, UFSC, Florianópolis, 1998.
De Olho na Ilha –
Podcast Museus de Santa Catarina. Sua visita guiada aos museus do estado. Taiana Martins, Florianópolis, 2022.