Localização: Florianópolis
Ano de Fundação: 1952
NESTE EPISÓDIO DO PODCAST MUSEUS DE SANTA CATARINA, visitamos o Museu Victor Meirelles que fica em Florianópolis, no centro da cidade.
O museu apresenta um acervo constituído por pinturas, estudos, desenhos e aquarelas do artista que dá nome ao museu.
Nosso podcast é um guia de áudio para lugares históricos, interessantes e inspiradores de Santa Catarina. Em pouco mais de 10 minutos, te levamos a conhecer um museu incrível e, ao longo do caminho, histórias fascinantes.
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Fotos: Taiana Martins
[Vinheta]
Olá,
Sejam bem-vindos e bem-vindas ao podcast Museus de Santa Catarina- sua visita guiada aos museus do estado.
[Som transição] [Campainha]
No episódio de hoje, apresentaremos o Museu Victor Meirelles, que fica em Florianópolis. Vamos conhecer sua história e curiosidades sobre seu acervo.
O Museu Victor Meirelles fica em um antigo casarão e está localizado no centro histórico de Florianópolis, na rua que leva o nome do artista: Victor Meirelles. É um sobrado de esquina no estilo luso-brasileiro, de linhas simples, planta regular e arquitetura colonial do século XVIII em alvenaria de pedra tipo baldrame. Baldrame ou viga de fundação, é um tipo comum de fundação para pequenas edificações, considerada um tipo de fundação rasa. A construção apresenta ainda alvenaria mista (de pedra e tijolos maciços– auto portante), alvenaria de tijolos maciços (auto portante) e Alvenarias de taipa (pau-a-pique – vedação). As tábuas do assoalho e os forros da casa originais eram em madeira canela.
Localizado na esquina das antigas Rua do Açougue e Rua da Pedreira, foi erguido para ser um armazém de secos e molhados no térreo e no pavimento superior era a residência da família Meirelles. Ainda sobre sua arquitetura, há um telhado em quatro águas com beiral tipo “beira-seveira”, com as pontas de telha em forma de ave nos ângulos externos.O pavimento térreo era destinado ao uso comercial, nele havia um amplo salão em dois níveis: o mais elevado dava acesso ao pavimento superior e a uma dependência aos fundos e o acesso ao andar superior por meio de escadas de madeira. No pavimento superior, duas amplas salas e uma alcova e janelas em guilhotina.
O comércio no armazém de secos e molhados era gerenciado pelo pai de Victor Meirelles, Antônio Meirelles de Lima. Depois que a família Meirelles viveu na casa, o imóvel foi vendido e teve outras finalidades: sobrado foi um bar e também foi residência de um professor.
Em 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra assinou um decreto autorizando a aquisição da Casa natal de Victor Meirelles para sua utilização como museu.
Em 1950 a casa foi reconhecida como bem cultural e foi tombada como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN.
Em novembro de 1952, após algumas reformas, foi inaugurado o “Museu Victor Meirelles”, com a finalidade de preservação, pesquisa e divulgação da vida e obra do artista catarinense.
De 1969 a 1974, o prédio passou por uma obra de restauração com alteração da volumetria do sobrado.
Em 1984 acontece a transferência de obras do artista do Museu Nacional de Belas Artes para o museu
Victor Meirelles e também acontece o tombamento da obra Vista do Desterro como Patrimônio artístico e nacional.
Em 1986, o imóvel é tombado como patrimônio histórico e artístico pelo município de Florianópolis.
Em 1991, o prédio passa por outra reforma, agora para a instalação de sistemas de segurança.
Em 1992, é criado o Largo Victor Meirelles, fechada para o trânsito de veículos.
Em 1994 o museu é reinaugurado.
Em 2009, o museu passou a ser administrado pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM).
O Museu hoje engloba não somente a casa natal do artista, mas também o segundo andar, um prédio anexo e o Largo Victor Meirelles, fechado ao trânsito de veículos e utilizado como espaço cultural, onde são realizadas atividades externas para o público.
Mas afinal, quem foi Victor Meirelles??
Antônio Meirelles de Lima, um imigrante português, e Maria da Conceição Prazeres tiveram dois filhos: Victor Meirelles e o caçula, nascido com 19 anos de diferença em relação ao primeiro, Virgílio Meirelles de Lima.
Victor Meirelles de Lima foi um pintor, desenhista e professor que nasceu dia 18 de agosto de 1832 em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis/SC. Victor teve uma infância muito pobre, mas sua vocação foi muito estimulada pelos pais e apoiada pelas autoridades oficiais da época, em relação ao ofício da pintura.
Em 1845, aos 13 anos, começa a ter aulas de desenho geométrico com D. Mariano Moreno, um engenheiro argentino que fugiu do regime de Rosas e exilou-se no Brasil, que lhe ensinou os fundamentos artísticos. Foi Jerônimo Francisco Coelho, que era o conselheiro do império na época, que mostrou os desenhos em aquarela do artista para o então diretor da Academia Imperial de Belas Artes, Félix Émile Taunay. O diretor então resolve premia o jovem com uma bolsa de estudos.
Em 1846, aos 14 anos de idade, vai estudar na AIBA, no Rio de Janeiro, com a finalidade de cursar Desenho e Pintura Histórica, sendo que inicia seus estudos em 1847 onde permanece até o ano de 1853.
Em 1852, pinta a tela “São João Batista no Cárcere”, e é premiado com uma viagem para a Europa em menção ao 7º Prêmio de Viagem à Europa para a França. Em janeiro de 1853, semanas antes de embarcar para a Europa, ou seja, quando Virgílio tinha em torno de um ano e seis meses de idade, Victor visita os pais em Desterro.
Entre os anos de 1853 a 1856 aprimorou seus estudos nas escolas de Roma/Paris onde estuda com os grandes mestres da pintura acadêmica, Tommaso Minardi (1787-1876) e Nicola Consoni (1814-1884) em Roma e Léon Cogniet (1794-1880) e Andrea Gastaldi (1826-1889) em Paris. Além do Neoclassicismo e Romantismo francês, o Purismo italiano foi uma importante influência pictórica.
Em sua estadia pela Europa, o artista trocou correspondências com a Academia Imperial de Belas Artes do Brasil. Para a pintura da Primeira Missa, Victor Meirelles estabeleceu um diálogo com Manuel de Araújo Porto Alegre, que falava em nome do Imperador e do Corpo Acadêmico” e“orientava” detalhadamente seus estudos.
Em uma correspondência, Manuel de Araújo Porto Alegre, recomenda que o artista lesse cinco vezes a carta de Caminha para capturar a ideia esboçada. Foi assim que elaborou a obra Primeira Missa no Brasil e com ela foi aceito no Salão Oficial de Paris, em 1861. Foi o primeiro artista brasileiro a representar o Brasil em mostra internacional.
Após oito anos na Europa, retornou ao Brasil em agosto de 1861, quando recebeu o importante título de “Cavaleiro da Ordem da Rosa”. No ano seguinte, em 1862, foi nomeado professor honorário de Pintura Histórica da Academia das Belas Artes.
Em 1865 pintou o retrato do casamento da Princesa Isabel.
Em 1866 criou a obra “Moema”.
Em 1868 o Ministro da Marinha incumbiu o pintor a realizar duas telas: “Combate Naval do
Riachuelo” e “Passagem de Humaitá”. Em 15 de junho de 1868, o pintor partiu para o campo de batalha para ´pesquisar o material para as duas telas: Passagem de Humaitá e Combate naval de Riachuelo. O pintor realizava croquis e, mais tarde, realizava a pintura em ateliê ou na rotunda. A pintura era o resultado de uma pesquisa sobre os personagens, os cenários, incluindo detalhes da indumentária, as armas, as horas do dia, a tonalidade da pele, os gestos. O artista permaneceu por dois meses no cenário de guerra, e se familiarizou com particularidades da ação naval e até a minúcia de desenhar cadáveres.
Seis anos depois, em 1874 o Ministro do Império solicitou outra encomenda: “Batalha dos Guararapes”.
Em 1879, apresenta sua obra Batalha de Guararapes, na Exposição Geral da Academia Imperial das Belas Artes. Gonzaga Duque Estrada, foi um dos mais importantes críticos de arte do final do século XIX no Brasil, depois de tecer uma série de críticas à obra sentencia “A paisagem (…) é pintada por mão de mestre.”
Em 1883 pinta a segunda versão de “Combate Naval do Riachuelo”.
Em 1888 pinta “Panorama do Rio de Janeiro” e o retrato da Princesa Isabel na Assinatura da Lei Áurea.
O artista estabeleceu ligação próxima com o Imperador, foi professor particular de pintura de sua filha, a princesa Isabel e também fez retratos da Princesa Leopoldina.
A vida e obra de Victor Meirelles costuma ser analisada de acordo com seus deslocamentos e fases importantes:
catarinense (1832-1846)
escolar (1847-1853)
Prêmio de Viagem (1853-1861)
Plenitude (1861-1890)
fase final (1890- 1903)
Em 1899, pintou o Panorama da Descoberta do Brasil, após fazer uma viagem à cidade de Porto Seguro para visualizar a paisagem local.
A Academia Imperial de Belas Artes permaneceu com esse nome até o início do Regime Republicano em 1889. Em 1890 o nome mudou para “Escola Nacional de Belas Artes. Depois, foi incorporada junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ficando conhecida como a então “Escola de Belas Artes”.
A vida de Victor Meirelles como estudante, artista e professor da Academia Imperial de
Belas Artes é mais conhecida, uma vez que a própria Faculdade de Belas Artes e o Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro mantêm em seus arquivos grande parte da documentação daquela instituição artística do século XIX.
Victor Meirelles faleceu no dia 22 de fevereiro de 1903, aos 70 anos de idade.
O acervo do Museu Victor Meirelles é constituído por obras do artista provenientes do Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, já que lá existiam diversos estudos em papel, aquarela, guache assim como em óleo sobre tela. A coleção de arte do século XIX do museu é composta quase que integralmente por estudos.
A exposição no museu apresenta uma seleção de obras de Victor Meirelles com base na técnica empregada: a pintura a óleo.
A primeira sala apresenta estudos para composição de obras históricas e paisagens. A segunda traz estudos de traje italianos e cópias, todos realizados durante os anos de pensionato do artista na Europa. Na terceira sala estão expostos retratos e estudos de figuras humanas e, na alcova, o retrato “A Morta” (sem data), que gera diversas especulações e foge do estilo habitual da trajetória do artista.
No térreo do museu, uma maquete do prédio e vestígios arqueológicos encontrados na reforma também estão expostos. Um painel com uma réplica da Batalha dos Guararapes cujo original tem 500 cm × 925 cm e está exposto no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. A referida obra produzida entre 1875 e 1879, trata-se da representação imagética da Batalha dos Guararapes na qual Victor Meirelles trabalhou durante seis anos. Para fazê-la deslocou-se para Pernambuco, a fim de realizar pesquisas históricas e observar minuciosamente o local onde os holandeses foram derrotados, em 1649, buscando conhecer o local e os elementos que aproximassem o quadro da realidade dos fatos.
A exposição Victor Meirelles: Estudos em Óleo, mostra Pinturas a óleo do estudo para a Passagem do Humaitá.
Para chegar no segundo andar, escadas de madeira, mas o museu oferece elevador para cadeirantes.
Estive no museu em abril de 2022, era uma tarde de sol. O museu fica em um antigo casarão no centro da cidade, na rua que leva o nome do artista: Victor Meirelles. Da calçada do museu dá para avistar a Praça XV.
Após apresentar meu cartão de vacinação (obrigatório para ter acesso ao museu),
O museu reabriu ao público em 14 de setembro de 2021, com entrada gratuita e pela Rua Saldanha Marinho e disponibiliza elevador para garantir a acessibilidade. No momento, a entrada no museu está limitada a 5 pessoas por vez.
Cabeça de Mulher mostra uma mulher até a altura do peito, ela tem a pele branca, os cabelos pretos e veste uma blusa branca cuja gola está relaxada e levemente caída sobre o braço. A mulher olha para baixo e está de perfil. Em seguida, “Estudo de cabeça de menina’, mostra uma garota de cabelos escuros olhando para o alto com casaco preto de gola alta e camisa branca por baixo do casaco. Depois, “Cabeça de Velho” retrata um homem de barba branca longa segurando uma bengala, ele usa um casaco de manga comprida;
Em média, Victor Meirelles pintava 4 retratos por ano. O Retrato de Senhora é uma obra de 1870 que mostra uma nobre senhora de pele branca que usa um vestido preto decotado no colo, por baixo da parte do decote tem uma blusa branca, ela tem cabelos em cachos e usa um colar de pérolas e pingente oval. Os brincos também são de pingente oval.
Uma obra inquietante é a obra de 50,5 x 61,2 cm: “A Morta” que retrata uma mulher deitada, bem magra, de nariz adunco, os olhos fundos brevemente abertos, seu cabelo é preto longo e ela usa um brinco de argola dourado. Seu travesseiro é branco com detalhes de viés em renda. Sua roupa é preta, mas as golas são brancas.
O Museu Victor Meirelles abre de terça a sexta-feira, das 10h às 16h, exceto feriados. Entrada gratuita
Foi um prazer te guiar até aqui!
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Fotos, transcrições e referência no site:
Novos episódios todos os sábados
Roteiro e Produção: Taiana Martins
Técnico e edição de som: Gustavo Elias
Apresentação: Taiana Martins
A primeira temporada do podcast Museus de Santa Catarina foi selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2021, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.
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Um abraço e
Até a próxima!
COELHO,Mário César. Os Panoramas perdidos de Victor Meirelles – Aventuras de um pintor acadêmico nos caminhos da modernidade. Tese apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2007.
FRANZ, Teresinha Sueli. Revelando o Museu Victor Meirelles rumo à descoberta do seu potencial pedagógico e à educação em artes visuais em Florianópolis. Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, Curso de Pós-Graduação em Educação, Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 1996
Paiva, William Adão Ferreira. Academia Imperial de Belas Artes: A consolidação política/ideológica em meio às obras de Victor Meirelles de Lima (1826-1889). IV Seminário do Tempo Presente, UDESC, Florianópolis, 2021.
Rosa, Vanessa Costa da. A Primeira missa no Brasil sob o olhar do presente. Universidade do Estado de Santa Catarina.
Fontes:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/instituicao112668/museu-victor-meirelles
Podcast Museus de Santa Catarina. Sua visita guiada aos museus do estado. Taiana Martins, Florianópolis, 2022.